quarta-feira, 11 de novembro de 2015
Emoções no reencontro de tempos de infância
Texto do Heitor, pai da Marina, que é a dona do blog:
A vida é como uma viagem de trem. (tomo emprestado a analogia e o título para descrever como me senti dias atrás)
Somos passageiros nesta viagem de trem. Este trem passa por vários lugares, às vezes de forma rápida, outras vezes dá tempo de descer e reembarcar. Nesta longa viagem muitos passageiros nos acompanham, pode ser por poucos segundos ou por vários anos.
Citando a frase de caminhão: "Conduzido por Deus, guiado por mim". Confiamos a Deus toda nossa jornada. Temos opções a escolher, se desejamos ficar em um determinado vagão, ou parar em alguma estação por mais tempo, ou até modificar um pouco o trajeto. Mas pedimos a Ele sempre que ilumine nosso melhor caminho.
Nesta estrada, parece que cada vez mais o trem anda mais rápido. É só a minha impressão? Tenho 2 lindos filhos, familiares e amigos maravilhosos. Mas nos últimos tempos estou num declive, um pouco íngreme, e com o aumento da velocidade tenho pouquíssimo tempo para as estações Realização Pessoal e Sonhos. Tudo bem, não me arrependo, não tenho vontade de que seja diferente - quem é pai, sabe: faz tudo para que os filhos fiquem bem, tenham ótima educação, sejam felizes. Isso que importa.
Nos últimos dias meu trem fez um desvio louco! Pela janela vi passarem rostos de crianças. Sim, eu também me via! Fotos! Pequenos trailers?
Filmes curtos! Nossa! É verdade, fulano! Vinham nome e sobrenome. A lista foi aparecendo e se completando! Puxa vida, não sabia que tinha guardado essas memórias! Minha memória sempre foi boa só pra música, minha mulher tem vários acessos quando esqueço alguns fatos e datas... Mas como flashes, tive replays dos tempos de infância. Parecia que o trem resolveu pegar um caminho onde tinha as estações Infância, Colégio, Amiguinhos.
As informações ainda não são muito claras em minha cabeça, afinal são quase 4 décadas, o trem andou por muitos lugares. Da minha fase de infância não guardo muitas lembranças, acho que estive até uns 12 anos com uma memória Pen Drive de pouca capacidade, e ia substituindo informações diariamente! E por ser muito tímido, convivia pouco com os alunos da classe. Entre os 12 e 16 já "trabalhava" em orquestras, devia ir às aulas quase como um zumbi. As notas no boletim refletiam isso, era C em quase tudo! Fui salvo por alguns professores super bondosos! Me lembro uma prova de DG (desenho geométrico)... inverti Y com X, X com Y... foi um desastre, ia tomar o primeiro zero na vida, mas a professora foi muito gentil e certamente usou lápis e borracha na correção, para me ajudar! Sabe que aos 14 tive um devaneio? Achava que devia parar tudo para ficar só estudando música. Coisa de menino inconsequente...
Acho que o ano que seria mais marcante, o do 3o colegial acabei me transferindo para o Singular. Foi assim mesmo. De repente. Já tinha feito a matrícula no Coração de Jesus, mas subitamente tinha decidido parar a música e tentar algo. Meus irmãos insistiram para mudar de colégio. O que iria prestar? Medicina? Engenharia? Computação? Nada sabia, mas comecei a ralar já no finalzinho de 86. O ano do Singular eu não fazia absolutamente nada. Só estudava. Mergulhei nos livros, tentei recuperar os anos anteriores quando não sabia fazer um simples cálculo de área. Química, física, gramática? Tudo era novidade. Mas deu certo! Passei em Odonto, diurno, na Usp! Felicidade total, já dirigia, me sentia poderoso!
Ah, cheguei a cursar junto com Odonto música na Unesp, mas pouco aparecia por lá - era à tarde, perdia quase todas as aulas.
A música... ah, essa música. Parecia não me deixar em paz. Logo no primeiro semestre de 88 entrei numa orquestra, lá em Santo André mesmo. Queria trabalhar um pouco, levantar uma grana. Continuava morando perto da Avenida Portugal e ia a SP diariamente. Mas a música... não me deixava! Passei em um teste numa orquestra profissional. Orquestra do Estado de São Paulo. Bom salário, ensaios toda manhã. Me transferi para Odonto noturno. E logo mais vieram gravações, shows, festas, cachês... Com o violino embaixo do braço e pouca idade, ganhando bem, estudar se tornava secundário! Logo mais tranquei o curso. Sabia que nunca iria voltar.
A vida como músico sempre foi muito boa. Minha trajetória correu muito bem. Sempre agradeço a Deus por ter dado o dom, um bom ouvido, a oportunidade de transmitir sentimentos e emoções pela música.
O trem da vida me trouxe neste percurso. Não me arrependo de nenhum momento, acho que fiz as melhores escolhas de percurso, dentro das minhas limitações como humano. Sei que errei várias vezes, mas encaro que foram necessárias para meu aprendizado e amadurecimento. O que vem pela frente? Não sabemos. Mas com nossa fé e espiritualidade caminhamos na direção certa.
Abraços a todos!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Parabéns amigo...esse trem da vida agora encontrou alguns vagões que se perderam mas com o tempo voltam a se encontrar... Parabéns abs
Postar um comentário